É sobre gratidão - e os peixes que já pescamos

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-“Vai acender as velas para ver se consegue pescar algum peixe amanhã?”.
-“Não, estou acendendo pelos que já pesquei nos outros dias”.
Esse diálogo, tão simples, que aconteceu entre minha mãe e um amigo de nossa família me fez perceber o quão importante é a gratidão e quão esquecida ela está sendo, por todos. Inevitavelmente, acender uma vela para a santa dos pescadores para pedir uma boa pescaria é amplamente relacionado à fé, a religião a crença enrustida em uma santidade ou entidade superior. Porém, acender uma vela pela boa pescaria que teve independe do que cada um acredita, pois, transforma-se num beliscão para acordar desse mundo negativo e tóxico em que vivemos e que não agradecemos e se aprofundar num espaço em que a palavra obrigada é muito mais dita que “desculpa” ou “por favor”. Eu cresci com o ensinamento de que todas as “palavras mágicas” são importantes e entre elas não há uma hierarquia. Entretanto, confirmo que isso está parcialmente correto. Somos ensinados a agradecer, na infância até obrigados a dizer obrigado, a agradecer um presente, agradecer um elogio, agradecer a alguma atitude um pouco fora da normalidade. Mas, por que dizer obrigado tornou-se tão verossimilhante com o outro significado da palavra? Por que agradecemos por obrigação  e não pelo coração? Com sinceridade. O muito obrigado já foi muitas vezes sufocante. O muito obrigado já foi muitas vezes sufocado. E tenho uma teoria para isso.

Texto de leitor(a) - Querida Pétala






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O poema de hoje, participante do projeto, foi escrito por uma mulher incrível que sempre escreve com o coração e encanta  a todos com suas palavras, Julia Padilha, a admiro muito  e agradeço por ela sempre espalhar a poesia que o mundo precisa. 

                                                                         
Pequena se comparada às demais
Longe, tão longe    
De caber
Dentre flores normais.

Tantos jardins
Nenhum era igual.
Já chorou com partidas
Histórias brevemente vividas.
    
Entre um raio e outro
Esconde suas feridas
Os pisões, tão doloridos          
Que recebeste em sua vida.      

Já passou por melancolias e temporais
Sobreviveu a rigorosos invernos.
Então fez de si
Seu melhor remédio.

Texto de leitor(a)- As flores amarelas e berrantes


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O escrito dessa semana, provindo da autora Eduarda Zilke, é autêntico, profundo, comovente e que nos transporta a ver as flores amarelas e ao pôr do sol de outubro. Devo ressaltar que o talento dessa mulher é grandioso, assim como, és sua alma. Muito obrigada por encantar .


            Nos dias tristes, ela não consegue crer que o sol ainda se põe no mesmo lugar que se punha nos dias felizes.
            Quando ela sente a luz do sol, incessantemente clara e quente, parece impossível que um satélite tão grande não consiga captar também a tempestade dentro dela a chuva que escorre pelo seu rosto. É um insulto que não tenha a decência de se esconder atrás de nuvens o mais rápido possível e, pelo contrário, faz um espetáculo e se retira lentamente, como um ator apaixonado que hesita em deixar o palco do primeiro teatro que faz.
            E que ironia que o pôr do sol, a amostra mais óbvia de que tudo continua igual fora do seu peito, seja justamente o momento em que você decide fazer tudo diferente.
            Ela ainda se lembra daquele pôr do sol de outubro que classificou como o mais bonito que havia visto. Nunca sabia a ordem das estações do ano, mas achava que era primavera porque haviam tantas flores amarelas que cada uma delas parecia um pequeno sol que também não tinha a fineza de não se exibir.