Repita comigo: a arte de não repetir





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Não sei o que escrever. Na realidade, esta é a décima primeira tentativa de colocar algo no papel. Escrevo. Jogo fora. Escrevo. Jogo fora. Escrevo. Jogo fora. Repetitivo não? É engraçado como notamos a repetição de palavras em um texto, mas não notamos a repetições de ações em nossas vidas. Deixe-me adivinhar, você levantou, tomou seu café apressadamente, pois certamente estava atrasado. Foi para o trabalho/ escola. Sentou-se. Fingiu prestar atenção nas folhas que estavam em sua frente, até porque, mesmo que o conteúdo que preenchem suas linhas é diferente daqueles que preenchiam ontem continua sendo conteúdo e a folha de papel continua sendo de papel  o mesmo papel que todo dia está na porta da sua geladeira contendo a mesma lista de compras que você utilizou no mês passado por mais que  escreveu uma nova lista de compras no mesmo papel com os mesmos produtos que escolhe periodicamente ano após ano e que raramente trocam de lugar na prateleira porque você acostumou-se a frequentar o mesmo supermercado pelo fato de se sentir em casa e por simplesmente temer a mudança e a adrenalina que ela causa. Não, eu não utilizei uma vírgula sequer na oração pelo simples fato de que, assim como a frase, a nossa vida corre. Corre tanto que nosso corpo não consegue acompanhar. Nossa mente não consegue suportar. Chega um momento que a rotina torna-se uma palavra que se repete muitas vezes na redação e que faz perder a organização do texto. Mas, rotina não é organização? Não é ter uma lista de coisas para fazer? Ou uma lista de coisas para olhar? Ou uma lista de coisas para comprar? Mas e uma lista de coisas que quer sentir? Será que a rotina nos permite pensar no que queremos sentir, agora?