A arte de escrever demônios




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             Ás vezes penso que tudo o que escrevo não passa de uma ilusão. É como se no final da última linha, do último verso o sentimento moralista invade a criatividade e o escritor precisa fazer com que o leitor faça a coisa certa. Espante seus demônios, caro amigo, e a vida ficará bela. Mas, acho que não é bem assim que acontece. Na realidade, escrever para alguém é nada mais nada  nada menos que escrever para e sobre si mesmo. Trocamos a tela por um espelho. Um papel por um auto retrato. Afinal, fica muito mais fácil dizer que é apenas uma história criada para encantar leitores e emaranhar-se nas curvas da imaginação. Até porque, no momento que você fala sobre algo você também sente esse "algo" ou pensa nisso ou percebe isso ou, até mesmo, quer fugir disso. Digamos que seja como dar um conselho. Conselhos sempre são dados baseando-se no que o conselheiro acha e pensa ser o melhor, e muitas vezes, seu ambiente observatório seja a própria a vida. Os conselhos podem dar certo para quem escuta e não dar para aqueles que o falam, Então, o fato de alguém escrever sobre saudade pode significar que esse alguém sente saudades. Falar sobre amor é só mais um sintoma de indivíduos amantes que pensam que rosas nunca murcham. Poetizar sobre dor é trazer dor no fundo do peito. Escrever, sem mais delongas, é despertar seus próprios demônios. É mostra que eles existem, eles persistem, eles possuem uma certa beleza interior e no final são sufocados com o final moralista do texto. Aí que chega a grande questão, vou contar um segredo: Eles não morrem. Os demônios internos dos escritores ou de qualquer pessoa que assuma a loucura de palavrear sobrevivem eternidades. Aliás já li e reli os demônios Machadianos de adultério e loucuras por amor e custo a acreditar de que Machado algum dia tenha conseguido acalmá-los. Porém, é inevitável não sentir-se livre dos nossos demônios, apenas por alguns segundos, no momento em que escrevo. É libertador saber que há alguém com os mesmos medos, sonhos e pensamentos que você. É como se o que antes fosse pessoal se torna-se uma roda gigante de pequenas indecisões que alguém, em algum lugar, em algum momento, mesmo calado o lê e o compreende. Portanto, é necessário sim, o fim moralista. Não porque seja uma regra da Academia Nacional de Letras. Porque a alma ou os demônios internos a obrigam. Mas sim porque, ao dizer que tudo ficará bem, tudo fica bem mesmo. Por um instante de esperança. Esperança para quem lê. Esperança para quem escreve. Pois, no final. somos apenas um só. Aquele que sente. 

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