segunda-feira,
24

A luzinha amarelada do prédio

 




                Se tem algo que eu amo fazer, à noite, é ver as luzes dos prédios acesas e pensar em quanta vida está sendo vivida ao meu redor; ou em cima de mim ou à baixo de mim (moro no quinto andar). E, por muito tempo, eu pensava: o quanto de vida eu mesma vivo, na minha própria luzinha amarelada ligada? 

        Vivi alguns longos anos com uma sensação absurda de descontentamento e que havia aumentado e se alastrado para todas as áreas da minha vida (exceto ao amor), no meu último ano, principalmente, e aquilo me consumia de uma forma tão profunda que eu já não sentia mais prazer em ler, em escrever ou fazer tudo o que eu mais amava. Eu tinha sempre a consciência que vivia distante de mim mesma e de meus sonhos reais e princípios, mas não conseguia sair disso, por mais que tentasse. No fundo eu sabia que o culpado disso tudo era eu mesma, porque eu sabia o motivo de tudo estar assim. O maldito celular. 

    Ano passado, nas férias, eu li um livro que se chamava O Minimalismo Digital e esse livro falava muito sobre como a gente DEVE usar o nosso celular como uma ferramenta e que a muito tempo ele domina nossas vidas e nos controla e aquilo tudo que a maioria de nós já sabemos e se não sabemos indico pra vocês o documentário: "O dilema das Redes" da Netflix, tão bom que já vi 3 vezes. Mas, enfim, depois de ler esse livro, como eu estava de férias na casa dos meus pais eu resolvi tentar um detox, nem sequer apaguei minhas redes sociais, mas fiz o maior esforço para ficar afastadas delas e foi uma experiência extraordinária. Eu fiz tanta coisa legal naqueles dias. Caminhei muito observando a natureza, plantei flores e pintei os potinhos de flor, li três livros, assisti ao meu doraminha com presença, conversei realmente com as pessoas e escrevi. Foi como se o ar tivesse voltando aos meus pulmões novamente, como se eu tivesse despertado de um devaneio ou um sonho que estava aprisionada, nem sei explicar ao certo. 

    Infelizmente, depois disso entrei em uma fase bem grande de consumo, muito porque eu usava as redes sociais como fuga do trabalho ruim em que eu estava e acabei me afundando na ansiedade e comparação. Mas, uma das minhas metas para 2025 foi usar bem menos o celular e tenho me esforçado muito pra isso acontecer o que tem transformado totalmente minha vida. No começo é bem difícil, pois eu estava viciada naquilo, aquilo era minha fonte de dopamina constante.

    Com o tempo tudo foi ficando natural e agora nem sinto mais tanta falta. Sou uma pessoa que sempre teve - e quer ter ainda mais -  muitos hobbies e agora com mais tempo livre (porque gastava horas e horas rolando uma tela e vendo a vida de outras pessoas) consigo desenvolver e praticar meus hobbies. Agora meus dias são recheados de arte, seja pintando em aquarela, meus Bobbies Goods, desenhando prédios ou tentando melhorar no desenho, fazendo scrapbook, bordando, indo caminhar na natureza, treinando, lendo e escrevendo. 

    Meu amor pela leitura voltou e com isso é recém fevereiro e já estou no meu 11º livro. Além de conseguir ler com mais profundidade. Escrever também se tornou um hábito, se não é alguma história, é no meu diário e por isso que resolvi voltar aqui com o blog, porque é um cantinho tão meu. 

    Outra coisa que mudou é o meu foco, agora quando preciso fazer alguma coisa como escrever um artigo/trabalho, corrigir um TCC ou até mesmo limpar a casa, consigo me manter focada por muito mais tempo e faço a tarefa com muito mais ânimo e agilidade. 

    Tudo que sei é que está sendo transformador. Todos os dias acordo muito feliz e pensando no que de divertido e diferente posso fazer, em meus momentos livres. Consigo observar mais a natureza, as coisas lindas que existem na simplicidade, vivenciar a plenitude e o amor, conversar mais com as pessoas e perdi aquela ansiedade constante na qual me fazia querer estar em outro lugar ou ser outra pessoa. E tudo isso é porque estou aprendendo a ser presente na minha própria vida. Ascender a minha luzinha para fazer a minha vida acontecer e não só assistir e me comparar com  as dos outros. Acho que isso sim é ser feliz. 

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