Janelas da alma, a porta do peito





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Se os olhos são a janela da alma, qual é a paisagem que verei ao esbarrar em você? Isso se deixar-me o olhar nos olhos, porque janelas fechadas deixam a visão embaçada e seria impossível a interpretação. Seus olhos são um jardim que transparecem a sua alma florida ou um campo regado pela luz do sol que faz o dia ser dia por simplesmente os ver? Ou são a escuridão da noite que levam a temer o andar nas ruas solitárias, porém escondem as esculturas mais bonitas que existem dentro de si? Existem olhares que são mar convidam-te para sentir o frescor da brisa, o calor da areia a sintonia das ondas e você se acostuma com o ambiente, se acostuma com o bagunçar dos cabelos, se acostuma a sensação da água salgada pelo seu corpo, porém, quando nem percebe é derrubado pelas ondas que foram ocultas pela beleza do lugar e afogam-te no piscar dos mesmos olhos. 

  Já os olhos de ressaca, como de Capitu, a marcante personagem Machadiana, que te sugam para direções desconhecidas, como a ressaca marítima, e ao final da tarde o convidam para beber um café amargo e para discutir sobre as filosofias cotidianas. Os olhos de buraco negro que são um enigma para quem vive e uma tortura para quem quer compreender o viver, pois ninguém sabe se é seguro mergulhar neles ou o que eles escondem no seu final. Há quem tenha olhos de tempestade, marejados pelo calejar da vida de gota em gota constroem a história que a janela da alma insiste em contar. E os olhos do poeta? Os olhos do poeta transmitem a rima da alma, são construídos pelas palavras ditas e por aquelas que brincam entrelinhas. São janelas em contínuo movimento, em contínua observação, captando as imagens que as janelas de outrem refletem e, no final do dia, repousam em uma folha de papel fazendo a caligrafia tornar-se poesia e a tinta da caneta muito mais que uma ferramenta, mas sim, uma representação das janelas da alma que o escritor escolheu analisar a paisagem. Mas, é importante se questionar, o que seriam os olhos sem a alma? Refletiriam um vácuo indescritível e antipoético. E como já dizia Exupéry: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Se eu olhasse nos seus olhos, nesse momento, conseguiria conhecer você? Conseguiria ver sua alma, seu coração, seu amor? Acredito que não. Pois, se os olhos são a janela da alma, seu coração é como uma porta que guarda tudo aquilo que ela prefere esconder. 


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