
Você é a fera ou é o guerreiro?
Nossa alma é nosso eterno coliseu. Nossa vida é o espetáculo principal. Os indivíduos
que nos cercam são meros espectadores do que se passa em nossa mente ou em
nosso coração. Se for guerreiro, luta. É um escravo do tempo e do trabalho. É o
escravo que nossa sociedade transformou. Vive para se defender. Defende-se para
viver. É o retrato de todos aqueles que tentam escapar de cada fera que os perseguem.
Cada dor que os faz querer gritar. Cada medo que o domina no campo de batalha
ou na própria vida cotidiana. É retrato dos que passam fome, mas não morrem
dela. Dos que sofrem injustiças, mas não matam por justiça. Dos que sentem frio
á noite, mas não odeiam a madrugada. É saber que nesse coliseu ou você aprende
a se defender ou você morre. É reverenciar a multidão mesmo que ela deseje que
você parta. Se for a fera, ataca. A fera percorre os que querem paz. Ela é a
porta de entrada para o coliseu. É a participante ativa da competição acirrada
que a sociedade impõe. Preocupa-se demais com os resultados. Os fins, para ela,
justificam os meios. Não sente medo de
ferir aquele que luta. Não sente pena daquele que está ferido ao seu lado.
Ataca. Apenas, ataca. É seu instinto atacar. Sentir a dor mesmo que não a veja.
Causar o corte mesmo que não cicatrize.
Participa, muitas vezes, do show de horrores
que as pessoas podem causar. Em meio ao caos cotidiano que pode surgir, a fera
sempre estará ali, atacando. Você não é
fera nem guerreiro? Você pode ser espectador desse coliseu intenso e sujo. Pode
vibrar pelo ataque da fera. Pode sorrir com a queda do guerreiro. Pode ignorar
toda a dor que sente aquele que luta. Apenas observa sem se mover. Apenas
deseja que ele vença o jogo sem ajudar. Contribui com o ingresso ao espetáculo.
Vive a política do pão e circo de nosso mundo contemporâneo. Nada importa se
não o diz respeito. Todos somos fera, guerreiros e espectadores. Em nosso
coliseu, haverá momentos que atacaremos. Seremos rudes com outros. Competiremos
para sermos os melhores. Também seremos atacados. Sentiremos dor. Lutaremos
contra todo o mal e deixaremos o tempo cicatrizar as feridas. Espectadores
somos todos os dias. Ao ignorarmos alguém que precisa de ajuda, de um abraço ou
até mesmo uma palavra de carinho. Ao se importarmos somente com nossa dor ou
julgarmos a dor do outro. Ao ficarmos cegos pelo egocentrismo e escravos a
valores fúteis que a sociedade segue. Somos fera, guerreiros e espectadores,
mas diferente de Roma é possível quebrar o muro que circunda nosso coliseu. Se
nossa alma deixar de ser essa prisão se tornaria um jardim dos mais belos que o
mundo poderia conhecer. Seria então verdadeiramente humana.
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