
-“Vai acender as velas
para ver se consegue pescar algum peixe amanhã?”.
-“Não, estou acendendo
pelos que já pesquei nos outros dias”.
Esse diálogo, tão
simples, que aconteceu entre minha mãe e um amigo de nossa família me fez
perceber o quão importante é a gratidão e quão esquecida ela está sendo, por
todos. Inevitavelmente, acender uma vela para a santa dos pescadores para pedir
uma boa pescaria é amplamente relacionado à fé, a religião a crença enrustida
em uma santidade ou entidade superior. Porém, acender uma vela pela boa
pescaria que teve independe do que cada um acredita, pois, transforma-se
num beliscão para acordar desse mundo negativo e tóxico em que vivemos e que
não agradecemos e se aprofundar num espaço em que a palavra obrigada é muito
mais dita que “desculpa” ou “por favor”. Eu cresci com o ensinamento de que
todas as “palavras mágicas” são importantes e entre elas não há uma hierarquia.
Entretanto, confirmo que isso está parcialmente correto. Somos ensinados a
agradecer, na infância até obrigados a dizer obrigado, a agradecer um presente,
agradecer um elogio, agradecer a alguma atitude um pouco fora da normalidade.
Mas, por que dizer obrigado tornou-se tão verossimilhante com o outro significado
da palavra? Por que agradecemos por obrigação
e não pelo coração? Com sinceridade. O muito obrigado já foi muitas
vezes sufocante. O muito obrigado já foi muitas vezes sufocado. E tenho uma
teoria para isso.